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19/05/2014

59°CAP - A APOSTA - NINA TOMA A DECISÃO.



Para conseguir entrar em casa,Nina
precisa desviar de um copo estilhaçado no hall. Descobre uma Lais aos gritos com Doc. O irmão está vermelho de raiva e completamente descontrolado. A garota sabe que está ferrada. Lais tenta aplacar a fúria, dizendo que Nina não é mais criança e pode assumir a responsabilidade por seus atos. Nenhum dos dois percebe que ela está por ali.

— Parem de brigar por minha causa. – o tom de Nina recai como um raio.

— Ah, você está aí. – Doc se inflama. – Em que você estava pensando, porra? Por que ajudou o cara?

— Pare com isso, Doc! – Lais, ainda aos gritos, agarra o braço dele.

— Você viu isso aqui? Assistiu esse vídeo? – Doc chacoalha o DVD nas fuças de Nina.

— Não, eu ainda não assisti. – Nina abaixa a cabeça, envergonhada.

— Eu vou matar aquele cara! – Doc está espumando.

— Eu já disse que o Harry não teve nada a ver com isso, Doc. Que saco, me escute! – Lais se enfeza.

— Não é bem assim. – Nina finca os dentes no lábio, arrasada. – Algo aconteceu no colégio. – ela sente as forças se esvaindo e despenca, pesadamente, sobre o degrau que
separa o hall de entrada da sala de estar. – Nós ouvimos a gravação de uma conversa entre a Bárbara e o Harry. O diálogo foi transmitido para o colégio inteiro, pelo
sistema de som.

— Como é? – Lais ajoelha-se em frente à Nina. – Que gravação é essa?

— A Bárbara chantageou o Harry para que ele me levasse até o Centro de Arborismo. A Kibi pediu para que ele deixasse eu fazer o que quisesse, sem me impedir. Se cumprisse as ordens, Harry estaria livre da chantagem.

— O filho da mãe sabia? Porra, eu tô falando! Vou matar esse desgraçado! – Doc pega as chaves do carro, mas Lais bloqueia o caminho, tirando as chaves da mão do cara.

— Você não vai matar ninguém! – Lais ruge. – Nina, você tem certeza sobre isso?

— Eu escutei a gravação. Aliás, o colégio inteiro ouviu. – Nina afunda o rosto nas mãos. – Eu estava enganada sobre o Harry, ele
estava jogando o tempo todo.

— Pode ser uma montagem, Nina. – Lais pondera.

— Para mim acabou. – Nina lamenta, aos soluços. – Eu preciso sumir daqui, quero esquecer o que aconteceu naquela ilha.

— Vai aceitar fazer a viagem? – Lais se sobressalta. – Vai fugir, Nina?

— Não é uma fuga. – Doc finalmente para de gritar. – É uma decisão inteligente, um recuo estratégico.

— Eu nem sei o que dizer. – Lais toma assento ao lado de Nina. – Eu concordo que a viagem será incrível para você, mas não acho que esteja tomando essa decisão pelos motivos certos.

— Eu preciso me distanciar disso tudo, tenho que esquecer o Harry. – Nina tomba a cabeça no ombro da amiga.

— Me deixe matar o cara? Só um
pouquinho? – Doc cerra os punhos.

— Cale a boca, Doc! – Lais bufa e abraça Nina.

Depois de um tempo longo demais, as coisas se acalmam na residência dos Albuquerque. Doc está jogado no sofá, girando o DVD entre os dedos, pensativo. Lais e Nina ainda estão sentadas sobre o degrau de mármore, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo.

— Vou para o meu quarto separar as
roupas da viagem. – Nina se levanta, enxugando o rosto na camiseta. – Não há mais o que esperar.

— Você deu alguma chance para o Harry se explicar? – Lais pergunta, levantando-se também.

— Não e nem darei. Não fará a menor diferença.


~~***~~

Subindo as escadas, Nina viu Lais se jogar no sofá ao lado de Doc. Ele a abraçou, acariciando seus cabelos cor de fogo. Nina sorriu quando se beijaram. Pelo visto, esses dois se entenderam. E apesar de destroçada por dentro, a garota se sente muito feliz por eles.

Lais queria ajudar Nina com as roupas, mas ela prefere fazer isso sozinha. Precisa muito de um tempo a sós consigo mesma, com seus próprios pensamentos e sentimentos. Quer confrontá-los e senti-los em toda a sua intensidade. O que não nos mata, nos torna mais fortes. E Nina está buscando forças para encarar o que a vida lhe reserva. Tira o DVD da bolsa, jogando-o sobre a bancada. Não assistirá agora, talvez mais
tarde. Abre a porta do guarda-roupas e fica olhando lá para dentro, por tempo indeterminado.

Só então se toca de que não
tem uma mala grande o suficiente para fazer uma viagem tão longa.
Puxa o celular do bolso da calça e, através do comando de voz, pede que o aparelho ligue para sua mãe.

— Nina? Está tudo bem? – pelo barulho ao fundo, Nina imagina que a mãe esteja no trânsito.

— Oi, mãe. Pode falar?

— Posso sim. O que houve? – Laura
aguarda numa pausa tensa. – Não está no colégio?

— Não. Aconteceram algumas coisas por lá e eu resolvi voltar para casa. Mas não foi por isso que liguei. – Nina respira fundo,
convencendo-se de que está tomando a decisão mais acertada.

— Estou ouvindo.

— Vou para Paris. Seis meses. E depois volto para fazer o cursinho pré-vestibular.

— Tem certeza sobre isso?

— Tenho, mãe. – Nina fuça nos cabides enquanto conversa.

— Está bem, pedirei para o seu pai agilizar as coisas.


~~***~~

As amigas acabam de assistir ao DVD. Do lado de fora, a noite já caiu faz algum tempo. Uma brisa suave entra pela janela entreaberta do quarto de Nina e as cortinas flutuam, numa dança esvoaçante. O filme protagonizado por Harry e Nina
engloba diversas situações. O passeio na praia quando Nina se deparou com o vazio existencial pela primeira vez. O pagamento da aposta após o jogo de tênis. Várias cenas da Caça ao Tesouro. E a mais humilhante das gravações: o Centro de Arborismo.

As imagens do que aconteceu por lá eram apenas flashes na memória fragmentada de Nina. Após assistir ao DVD, as lacunas mentais foram preenchidas.

— Não acredito que protagonizei isso aí. – Nina tira o DVD de dentro do aparelho, um tanto envergonhada.

— Você estava drogada. – Nathália tranquiliza.

— Eu agi como uma vagabunda, me
equiparei a Kibi. – Nina atira o DVD dentro de uma gaveta. – Meu pai vai acionar o Youtube e ver o que é possível fazer.

— A Kibi e o Bola mereciam se ferrar. – o tom de Nathália é agressivo.

— Vamos mudar de assunto? – Nina
assume outra expressão, jogando os
problemas para o fundo de sua mente. – Contem-me tudo sobre o Gancho e o Doc.

— Tem certeza? – Lais não quer deixar a amiga mais infeliz ainda.

— Ei, eu estou muito feliz por vocês duas, de verdade.



Nota da Autora: Paris lá vou eu! Ou melhor, lá vai a Nina... Por um lado, quem não queria estar na pele da Nina? Entre um gato aos seus pés e uma viagem dos sonhos a sua porta? Que decisão difícil você se meteu Nina Albuquerque? Eae Amoras, você fariam o mesmo se estivessem no lugar dela? Só temos uma oportunidade na vida então não devemos recusa-la. Fica a dica, se algum dia você estiver passando a mesma situação. Beijoos Amoras, espero que tenham gostado no capitulo :3

TCR (Total De Capítulos Restantes): 14 

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E lembrando foi comprovado cientificamente que comentar emagrece.