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01/11/2013

6°CAP - A APOSTA - NA SALA DO DIRETOR






Harry e Nina estão sentados, lado a lado, nas
elegantes poltronas vitorianas da diretoria.
Esse é um escritório rebuscado, repleto de
objetos de arte, livros, enciclopédias e um
imenso globo que gira sem parar, plugado
numa tomada. A sala possui claridade
natural, provinda de duas imensas janelas
que ficam localizadas atrás da altiva mesa do
todo poderoso diretor.

Mas não é isso o que a maioria dos
estudantes vê quando entra aqui. Oh, não. E
como a versão deles é muito mais divertida,
narrarei o que aquele garoto gorducho, com
pasta de dente na lateral da boca, viu certa
vez:

No quinto ano, Fabiano – o gorducho
apelidado de Bola – sem nada melhor para
fazer da vida, resolveu roubar uma caixa de
giz da sala dos professores. E, ainda sem ter
o que fazer, resolveu triturá-los,
transformando o giz em pó.
Para que isso serviria?, eu lhes pergunto.
Bem, quando não se tem nada melhor para
fazer da vida, ideias estranhas invadem a
mente. E um bizarro plano surgiu na cabeça
de Bola.

Horário do intervalo, ninguém na sala de
aula. Uma escada de quatro degraus
esquecida em um canto do corredor. Ah, Bola
não teve dúvidas.
Com uma risada malévola estampada no
rosto e uma aura nada santa, o garoto pegou
a escada, subiu os degraus e depositou,
calmamente, todo o giz triturado sobre as
pás do ventilador de teto. O dia estava
quente e Bola suava em bicas.

Terminado o serviço, guardou a caixa de
giz dentro da mochila antes de devolver a
escada. O resultado da brincadeira não
poderia ter sido outro: quando a professora
de matemática ligou o ventilador, foi merda…
ops, quero dizer, foi giz para todo o lado.
Estava literalmente nevando na sala trinta.
Não foi tão difícil descobrir o autor da
traquinagem e a diretoria já aguardava por
Bola, ansiosamente.

Com passos incertos e as pernas bambas,
Bola tocou a maçaneta da porta, sentindo
choques elétricos percorrendo o corpo todo.
Podia ouvir risadas macabras vindas de todo
o lugar e de lugar nenhum.

Quando a porta se abriu com um ruído
engasgado, Bola agitou-se, assombrado. O
lugar era cavernoso e exalava um forte
cheiro de enxofre. Nas prateleiras, vários
livros de poções e bruxaria se remexiam,
inquietos. Um imenso globo terrestre girava,
pegando fogo. O diretor possuía tentáculos e
dois cães do inferno mostravam os dentes e
babavam.

Uma semana de suspensão e Bola jurou de
pés juntos, que nunca mais pisaria na sala do
diretor.

Mas Harry e Nina não estão vendo nada
disso.

Reprimindo sua ira, Nina observa tudo em
vermelho sangue, como se estivesse em um
filme de terror, daqueles com seríssimas
restrições orçamentárias. Já Harry vê o cenário em preto e branco, talvez o tapa tenha
afetado os seus sentidos.

— Então é isso? Uma aposta? – o diretor
endireita o polvo de cerâmica sobre a mesa.
Com uma irritante mania de arrumação,

também ajeita os dois cachorros de cerâmica,
de modo que fiquem bem alinhados.

— É, é isso. – Nina cruza os braços em
frente ao corpo, trincando o maxilar de tanta
raiva.

— Harry? – o diretor tira os óculos do
rosto, jogando-os sobre uma pilha de papéis
muito bem arrumados.

— Eu não concordei com essa aposta. – Harry
está seguro de si e isso deixa Nina mais
furiosa ainda.
A garota apruma-se, desconfortável. Finca
os dentes no lábio, segurando-se para não
voar no pescoço de Harry. Tenta parecer
indiferente ao assunto, mas sabe que sua
expressão enfezada lhe escapa ao controle.

— Não é a primeira vez que você e seus
amigos lançam uma aposta dessas. – o
diretor recosta na cadeira estofada, girando
de um lado para outro, pensativo.

— Dessa vez sou inocente. – Harry entrelaça
os dedos, numa estabilidade que deixa Nina
perturbada.

— Se eu souber que vocês continuam a
fazer apostas, a coisa vai ficar bem feia,
Harry. Não me importam as notas, reprovarei todos vocês, ficou claro?

— Claríssimo. – Harry faz menção em
levantar-se, mas o diretor lança um olhar
reprovador em sua direção.

— Eu não terminei, garoto. – e então, seu
olhar recai sobre Nina. – O que quer fazer a
respeito?

— Quero que ele mantenha distância de
mim. – ela responde, na lata.

O diretor pesa o pedido enquanto ajeita,
pela milésima vez, os dois cachorros de
cerâmica. Com o mau humor que Nina está é
bem capaz que pegue os enfeites e os jogue
pela janela. Mas ela se contém, contando até
dez mentalmente.

— Feito. – o diretor recoloca os óculos. –
Harry Styles, a partir de hoje, não se
aproxime de Nina Albuquerque. Não lhe dirija
a palavra, não peça um lápis emprestado,
não olhe para ela, estamos entendidos?

— Perfeitamente. – Harry concorda, doido
para se mandar dali.

— Voltem para a sala de aula. E parem de
criar problemas ou serei obrigado a cancelar
a viagem de formatura. – o diretor lança,
num tom tedioso.

— O quê? – Harry arregala os olhos,
surpreso.

— Você ouviu.

Sim, ele ouviu. Apesar do tapa de Nina ter
tirado o garoto de órbita, Harry ainda não ficou surdo.


Nota da Autora:Oi meus amores.Oque estão achando da Fic ?Me avisem qualquer coisa.

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A cada 10 pessoas que comentam 4 delas dizem, na verdade o que eu realmente não sei o que estou falando, então se entendeu parabéns e obrigada por comentar.
E lembrando foi comprovado cientificamente que comentar emagrece.