Harry, assim como Nina, acaba de tomar um
Dorflex. O cara sente como se tivesse sido
preso em uma cama sadomasô e esticado de
forma impossível. Não descerá para o jantar,
não está em condições.
Gancho chega com Zayn, trazendo um
sanduba de dois andares e refris. Harry geme
de dor ao se levantar para comer.
Mata o sanduba em tempo recorde,
sorvendo uma Coca gelada para arrematar.
Ele precisava mesmo é de uma cerva, mas o
pessoal do hotel é incorruptível, segundo
Gancho.
— Tentarei de novo. Aquela loirinha da
cozinha ficou me encarando… quem sabe eu
não descolo umas três latinhas? – Zayn se
levanta, pega a carteira e sai do quarto.
— E a Nina? – Harry pergunta, um tanto
deprimido.
— Nem sinal dela, da Nathi ou da Lais.
Tentei subir escondido até a ala das meninas,
mas a Margareth barrou a minha passagem.– Gancho elucida.
— O que eu devo fazer, Cabeça? Me
ilumine aqui!
— Se você encarar a Kibi, ela vai liberar o
vídeo para o seu velho. E aí, meu
camaradinha, vai feder para o seu lado.
— Meu pai só está esperando algo assim
para barrar a minha faculdade. Ele já avisou,
cara, não vai pagar as mensalidades se eu
aprontar. E o acidente com a moto pode ser
chamado de aprontar, não pode?
— Se fosse meu filho naquela moto, eu
arrebentava a cara dele. – Gancho faz piada,
mas o assunto é sério. Harry poderia ter
morrido naquela brincadeira insana. –
Mantenha a aposta. Agora só faltam cinco
dias.
— Não posso continuar com isso sem saber
qual o plano da Bárbara. – Harry geme ao se
ajeitar na cama. O pescoço e os braços estão
queimando.
— Vamos descobrir. Amanhã cedo pegamos
ela de jeito.
~~***~~
chuva no final da tarde. Depois de tomar um
café-da-manhã cheio de carboidratos,
Bárbara segue para o quarto e descarrega as
fotos e vídeos. Ana Paula está no banho, para
variar. Bem, vocês sabem o que isso quer
dizer.
— Não temos material suficiente. Isso aqui
não dá para nada! – Bárbara soca o
travesseiro.
— Foi só o que conseguimos. – Suzana
tenta colocar panos quentes na situação. Mas
como a coisa está fervendo, ela deveria
colocar panos congelantes.
— Que droga! – Bárbara explode.
— Eu não queria tocar no assunto, mas… –
Suzana teme terminar a frase.
— O que é?
— Aquele beijo de ontem, não foi um mero
pagamento de aposta. Sei que não fui a única
a notar isso. – Suzana engole em seco, mas
continua. – Eu realmente acho que você não
vai conseguir seu namorado de volta, nem
com chantagem. O que está rolando entre o
Harry e a Nina já ultrapassou a linha de
segurança e você é a culpada disso. – mesmo
com a possibilidade de um tapa na cara ou
uma vingança desmedida, Suzana fala tudo o
que pensa. Aguarda uma reação exacerbada
pela parte da Kibi Mor, mas essa reação não
vem. Bárbara encara a parede branca por um
longo tempo antes de responder.
— Você tem razão, as coisas saíram do meu
controle. Eu sabia que isso poderia
acontecer. Enfim, terei que mudar de
estratégia. Não que isso seja ruim, só não é o ideal.
— O que pretende? – Suzana se apruma
sobre os lençóis.
— Minha vingança contra a vagaba vai
continuar. E quanto ao Harry, bem, vou fazer o cara sofrer como ele me fez sofrer. Se ele
realmente se apaixonar pela Nina, não
deixarei que fiquem juntos.
A história de Bárbara e Harry não é nada de
tão anormal. O problema foi que o cara
mexeu com a Kibi errada. Depois de ficarem
juntos numa festa, a Kibi Mor cercou o garoto
de todas as maneiras, seguindo-o em todas
as baladas da cidade. Eles ficaram juntos por
mais duas vezes depois disso.
Os amigos – entenda Gancho no topo da
lista – desafiaram Harry a namorar a mesma
garota por mais de quinze dias. E o cara, que
não suporta ser desafiado, topou a aposta.
O alvo já estava marcado: Bárbara, a Kibi.
Bem, nessa época o termo Kibi ainda nem
existia. Uma pena, facilitaria muito o meu
trabalho narrativo. Mas vamos em frente.
Bárbara sempre foi louca pelo Harry. Se não
me engano, desde o quinto ano do
fundamental. O tempo passou e ela
finalmente ficou com o cara, na tal festa
citada. Babi realmente acreditava ter fisgado
Harry, para todo o sempre.
Como se fazia antigamente, ele pediu
Bárbara em namoro. Foi uma situação tão
esdrúxula que prefiro não entrar em
detalhes. A garota aceitou, aos pulinhos. O
que ela não sabia é que esse namoro estava
com os dias contados. Ou sabia?
Enfim, nos quinze dias de namoro rolou:
lanchonete, cinema, shopping, cinema,
shopping, lanchonete, cinema, sorveteria…
bem, vocês já entenderam. No décimo sexto
dia, Bárbara chegou na casa de Harry sem ser
convidada. O dia estava chuvoso, escuro e
com trovões que faziam as janelas tremerem.
Naquela tarde, Harry estava sozinho jogando
vídeo-game.
A funcionária deixou Bárbara entrar e
apontou a escada para o andar de cima. Os
pais de Harry estavam no trabalho e a garota
poderia colocar seu plano em prática.
O rapaz nem imaginava o que estava para
acontecer.
Atirando em aliens malvados na tela, Harry
se mantinha alheio ao que rolava do lado de
fora do quarto. Pensava em uma maneira de
terminar o namoro com Bárbara, sem causar
qualquer trauma à menina. Ele já não
aguentava mais o grude e os papos fúteis
que ela gostava de dividir.
Harry ansiava por sua liberdade e a aposta
havia sido cumprida.
Os beijos e amassos não eram de todos
ruins. O que Harry odiava era a garota no seu
pé, dia e noite, ligando de meia em meia
hora para saber onde ele estava. E não só
isso. Ela começou a dar palpites em suas
roupas, corrigir sua postura e a pentelhar
para que ele a levasse a um restaurante de
verdade, sem ser o McDonald’s ou o Burguer
King.
Harry estava a ponto de explodir. Precisava
terminar logo com esse namoro.
A porta do quarto foi aberta e o garoto
quase teve um surto quando Bárbara,
vestindo apenas um robe de seda
transparente, cruzou o umbral e se segurou
no batente, desenvolvendo uma performance
a lá Pole Dance. Ela sustentava um olhar
esmagador, daqueles só vistos em filmes
proibidos para menores de dezoito anos.
Vocês imaginam a cara embasbacada do
Harry?
Juro, o garoto não sabia onde se enfiar.
Arrancou o lençol da cama e correu para
cobrir Bárbara. Mas ela não aceitou ser
coberta e muito menos deixou Harry falar.
Pegou o cara pelo colarinho, jogando-o sobre
a cama.
Bárbara caiu sobre ele que, mesmo
desnorteado, tentou escapar. Bem, qualquer
homem numa situação dessas sucumbiria
facilmente. Mas não Harry. Ele não conseguiria
enganar Bárbara e conviver com isso depois.
Harry apostava sim, até ludibriava, mas nada
desse porte.
Bárbara não parava de beijá-lo, de apertálo,
de sei lá mais eu o quê. Harry rolou para o
lado e segurou os braços da garota acima da
cabeça. Ela precisava ouvi-lo, por Deus! O
problema é que ela não queria ouvir!
Ele até pensou em dar uns tapas na cara
dela, quem sabe assim chamasse a atenção.
Felizmente, não foi preciso dar umas
bofetadas e ele conseguiu falar o que
precisava ser dito, inclusive sobre a aposta.
Bárbara implorava para que Harry não
terminasse com ela. Suplicava por outras
coisas também. A cena foi deprimente. A
garota, nua, vestindo apenas um hobby
transparente, aos prantos. É claro que Harry
ficou comovido, mas foi irredutível. O namoro
estava acabado e ponto final.
Não pensem vocês que Bárbara ficou
chorando por Harry. Oh não. O chororô durou
dois dias, no máximo. Depois disso, a garota
voltou a sua habitual rotina: beijar todos os
caras e infernizar a vida das meninas do
Prisma.
Analisando o fato friamente, acredito que
Bárbara esteja se enganando quanto ao amor
que sente por Harry. Ela pode até ser doente
pelo cara, mas amor? Está bem longe disso.
~~***~~
As Kibis descem para a piscina. Apesar do
dia estar nublado, um forte mormaço toma
conta da ilha. Ana Paula e Suzana estão
dentro da água com um bando de garotos e
quando Harry e Gancho se aproximam, a Kibi
Mor está sozinha lendo uma revista, estirada
na espreguiçadeira. Ela levanta a cabeça,
olha para os garotos com desdém e retoma a
leitura. Gancho arranca a revista das mãos
dela, nada simpático.
— O que querem? – Bárbara interpela,
deslizando os óculos de sol sobre a cabeça. –
Aliás, excelente performance a sua ontem,
Harry. Uau, fiquei sem fôlego. – ela se abana
com as mãos.
— Precisamos conversar. – o tom de Harry é
indecifrável.
— Se é sobre o vídeo ou a aposta, esqueça,
não voltarei atrás. – a Kibi recoloca os óculos sobre os olhos. – Aliás, você está se saindo muito bem, nem precisei passar as
instruções.
— O que está pretendendo? Qual o seu
plano diabólico? Se quer se vingar de mim,
tudo bem, mas deixe a Nina fora dessa. – Harry se senta na espreguiçadeira ao lado.
— Veio defender a vagaba? Sério mesmo,
Harry? – Bárbara se ajeita, numa frieza glacial. – Eu quero o sangue da Nina. Quero
humilhar a garota, vê-la chorar como
aconteceu ontem.
— Pronto. Já conseguiu a sua vingança. O
que mais pretende? – Gancho joga a revista
no colo de Bárbara.
— Cumpra a sua parte no acordo que eu
cumprirei a minha, Harry. Aliás, a internet aqui do hotel funciona bem que é uma beleza. Dê um passo em falso e mando o vídeo para o
seu pai.
— Não tem conversa com você, não é? –
Harry retesa os lábios, irritado.
— Nope. E vão andando, estão estragando
o meu dia.
Nota da Autora: Em primeiro lugar se eu fosse o Harry eu me jogaria da ponte segundo lugar se não tivesse uma ponte eu cortaria os meus pulsos, por que na boa o Harry ta fodidokkkkkkkkkk' gostaram minhas amoras?? Bem espero que sim Beijos X Beijos
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A cada 10 pessoas que comentam 4 delas dizem, na verdade o que eu realmente não sei o que estou falando, então se entendeu parabéns e obrigada por comentar.
E lembrando foi comprovado cientificamente que comentar emagrece.