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13/11/2013

27°CAP - A APOSTA - PAGANDO A APOSTA.






Finalmente a chuva prometida despenca
dos céus, mas ninguém arreda o pé da
quadra, todos aguardam ansiosos pelo
desfecho do desafio. E que disputa meus
amigos!

Harry luta em busca de ar. Não ousa

comemorar a vitória para não piorar ainda
mais a situação. Imagina que Nina esteja
furiosa e não quer acordar o furacão que
existe dentro dela.

Do outro lado da quadra, a garota olha para

o nada, apática. Seus braços estão caídos
rentes ao corpo, a cabeça da raquete tocando
o saibro. Inconformada, ela solta o
equipamento e arranca as munhequeiras.

A chuva é fininha e morna, mas não lava a

alma de Nina. Desconsolada, ela mira as
mãos trêmulas após o vigoroso esforço. Não
se conforma por ter perdido o jogo.

A turma invade a quadra, cobrando o

pagamento da aposta. Nina ouve o
murmurinho lá longe, como se estivesse a
quilômetros de distância. Bem que ela
gostaria de estar.

Nathália estende uma garrafa d’água.


— Não acredito que perdi. – Nina solta a

frase num tom de desabafo.

— Você lutou até o fim, nunca vi um jogo

desses na minha vida. – Lais toca o ombro da
amiga, consolando-a.

— Beba essa água. É para dar coragem. –

Nathi incentiva.

— Nathi! – Lais estressa. – Você não está

ajudando!

— A Nathi tem razão. Agora terei que

pagar a aposta. – sem parar para respirar,
Nina mata todo o conteúdo da garrafa. Ainda
não teve coragem de olhar para Harry. Sente
como se o mundo estivesse em suspenso,
aguardando. Bem, se o mundo está
aguardando eu não sei, mas eu e toda essa
galera estamos!

— Acabe logo com isso. – Lais pega a

garrafa vazia das mãos de Nina. – Vá lá e
pague logo essa aposta.

Vencida, destroçada e humilhada, Nina se

põe a caminhar, cabisbaixa. Harry do outro
lado da rede, joga a cabeça para trás e deixa
a água da chuva eliminar o excesso de suor
do rosto. Ele sente como se tivesse sido
atropelado por um Hummer.

Nina se aproxima e lhe estende a mão,

como adversários costumam fazer. O
cumprimento de Harry é frouxo. Assim como
Nina, ele também está com todos os
músculos enfraquecidos.

— Nunca vi ninguém jogar como você. –

Harry afirma, apoiando-se no ombro de
Gancho.

— Não foi o suficiente. – ela faz uma força

descomunal para não sair correndo. Bem,
como poderia? Suas pernas não obedeceriam
ao comando “corra, agora”.

— O que querem fazer? A aposta precisa

ser paga e a galera está impaciente. –
Gancho limpa a garganta, temeroso com a
reação de Nina.

— Aposta é aposta. E eu costumo cumprir

minha palavra. – Nina deseja que um raio
lhe caia na cabeça nesse exato momento.

— Tem certeza disso? Olhe, se você não

quiser, por mim tudo bem. – Harry se apressa
em dizer.

— Eu tenho palavra, Harry. Fiz a besteira de

apostar, não foi? Agora cumprirei minha
parte no acordo.

Nathália puxa Gancho de lado. A chuva

pinica a pele e todos estão ensopados. Um
raio abre o céu em duas partes, iluminando-o
de maneira fantasmagórica. Logo o barulho
do trovão se faz ouvir, retumbando fundo e
sacudindo as estruturas.

— Dê espaço a eles. Mantenha essa galera

fora da quadra. – Nathi sussurra no ouvido
do pirata.

— Concordo. – Gancho então providencia o

que Nathália pediu.

Nina e Harry se encaram, demoradamente.

Ela sente como se seus ossos tivessem se
transmutado em gelatina. O rosto pega fogo
e as mãos estão geladas, ainda trêmulas. O
coração batuca acelerado e os joelhos
bambeiam quando ela pensa no que
acontecerá nos próximos minutos.

— Se não quiser pagar a aposta, não

precisa. – Harry reitera.

— Se eu tivesse ganhado o jogo, você

pagaria a aposta, certo? E olhe que eu pensei
em fazer barbaridades com você. – Nina
força um sorriso.

— Sério mesmo? Bom – Harry faz uma pausa

–, eu aguentaria a pressão.

— Também aguentarei. Não quebro fácil,

Harry, acho que já provei isso.

Após enxotar a turma para fora da quadra,

Gancho mira o relógio de pulso. Meninos e
meninas permanecem de pé na
arquibancada, num entusiasmo que não foi
visto durante o jogo. Esse pessoal adora um
babado forte.

— Vai mesmo levar isso adiante? – Nathi

pergunta para uma abatida Nina.

— Não sou de fugir, você me conhece. – a

amiga responde, tristemente.

— Um minuto, correto? – Gancho aperta

uma tecla no relógio de pulso, acendendo o
cronômetro.

— Um minuto. – Nina confirma, sentindo-se

fraquejar.

— Ok. Em suas marcas. – Gancho aguarda.

Nina se aproxima de Harry o suficiente. –
Preparar. – Harry abaixa a cabeça e sente um
frio esquisito na barriga. Os lábios estão tão
próximos que Nina inspira a expiração dele. –
Já!

As bocas se tocam. No início, de maneira

tímida, comportada. Os lábios de Harry a
envolvem com doçura e Nina sente choques
elétricos percorrerem toda a extensão da
pele.



A barba por fazer massageia o rosto de

Nina, sem arranhar. Passados alguns
segundos, a garota é tomada por uma força
do além e ela deseja mais, anseia por tudo.
Harry sente o mesmo frenesi. As mãos que
estavam ao lado do corpo, rasgam a chuva e
se enlaçam à cintura dela, trazendo-a para
mais perto. Nina envolve o pescoço dele,
seus dedos se agarrando fortemente aos
cabelos ensopados do garoto.

É para ser um beijo de língua, confere?

Sim! As línguas invadem a cena num duelo
intenso e Nina vasculha cada centímetro da
boca de Harry, sentindo-se preenchida,
completa.

O cara está maluco, a ponto de entrar em

combustão espontânea. Arqueia o corpo para
frente e tomba a cabeça de lado, buscando
aplacar a sede intermitente. Ávido,
selvagem, inflamado.

E os segundos vão passando.

Nina se esquece por completo da plateia.
Neste momento só os dois existem. A chuva
continua a cair, tão fininha que não chega a
atrapalhar. Harry investe mais fundo e Nina
sente o corpo em chamas. O coração
enlouquece dentro do peito e ela se dá conta
de que está frágil, entregue, completamente
perdida.

Harry a segura como se não fosse soltar

nunca mais. Ele não quer que acabe, não
quer que o minuto passe. Mas passará e tudo
voltará a ser como era antes. Ou não?

— Ok. Aposta cumprida! – Gancho grita e a

galera vaia, querendo mais, muito mais!

É difícil pararem de se beijar. Nina precisa

se afastar um pouquinho e Harry, ainda de
olhos fechados, arfa em busca de ar. Ela
ouve um gemido? Sim, ele deixa um gemido
escapar da garganta.

Quando seus olhos finalmente se abrem,

encara Nina, desconcertado. O melhor beijo
da vida dele acaba de acontecer. E se
fizermos uma continha básica, Nina está com
tudo hein! O cara já beijou trinta e duas
bocas até hoje.

Finalmente a ficha cai e a garota retorna

para a Terra. Seus olhos se umedecem e ela
cambaleia, abalada. Ainda com os braços
entrelaçados ao pescoço de Harry, Nina
esconde o rosto no ombro dele. Ele a abraça
mais forte quando a escuta soluçar.

— Gancho, tire essa galera daqui. – Harry

cola os lábios à testa de Nina, cerrando as
pálpebras.

— Considere feito, man. – Gancho parte

para o alambrado, aos gritos. – Acabou o
show, moçada, todos voltando para os
quartos! Tomem banho direitinho que já é
hora do jantar, beleza? Bora, galera,
mexendo esses traseiros aí. E, Bárbara, pare
de fotografar, o show acabou, não ouviu?

— Vá se ferrar, Cabeçudo!


Nathália e Lais se entreolham, petrificadas.

Não sabem o que fazer para ajudar a amiga.
Talvez não haja nada a ser feito.
Nina e Harry continuam abraçados, ela
soluçando e ele apertando-a com mais força
contra o peito, sentindo um nó na garganta.

— Me desculpe. – ele sussurra.


— Eu fui humilhada. – ela diz para si

mesma, o som de sua voz abafado pela
camiseta dele.

— Não foi humilhada. – ele discorda.


— Não acredito que deixei isso acontecer. –

Nina se afasta e soca o peito de Harry.

— Pare com isso. – ele segura as mãos

dela, delicadamente.

— Você foi cruel, Harry. – Nina se

desvencilha daqueles braços fortes,
enxugando as lágrimas com raiva. – Eu odeio
você.

Nina assume uma postura endurecida, mas

a verdade é que está se sentindo vulnerável.
Harry a prende com os olhos e ela precisa fazer
uma tremenda força para se soltar.
Nathália se aproxima, enganchando-se no
braço da amiga, puxando-a para longe de
Harry:

— Venha, vamos sair daqui.


— Foi uma aposta, Nina, mas você tinha

escolha. – desolado, ele afirma acima do
barulho da chuva.

— É, eu sei, sou uma idiota. – Nina fala por

sobre os ombros, dirigindo-se para a saída da
quadra.

O garoto pega a raquete do chão e encara o

equipamento fixamente. O olhar matador do
cara já diz tudo e Gancho recua alguns
passos, não quer correr o risco de tomar uma
raquetada nas ideias.

— Harry?


— Ela vai me odiar para o resto da vida. –

ele divaga num balbucio.

— É claro que não. Foi uma aposta, cara. E

você deu alternativas, ela beijou porque quis.

— Não é bem assim, eu peguei pesado. –

Harry passa a raquete de uma mão para a
outra.

— Na boa, essa aposta não foi nada do

outro mundo. Amanhã isso já estará
esquecido, confie em mim. – Gancho tenta
confortar.

— Tudo isso é culpa dessa maldita Kibi dos

infernos. – trincando os dentes e reunindo a
pouca força que lhe resta, Harry lança a
raquete longe. O objeto gira no ar e a
ponteira finca como uma estaca no
alambrado verde.

— Puta merda! Que tiro certeiro, meu

irmão!

— Não serei mais chantageado, Cabeção.

Essa história termina hoje mesmo!

Nota da Autora: O.O Sem comentários! Juro essa cena me deixou sem comentários U.U kkkkkkkkkk' e vocês meus amores? o folego acabo? surtaram de vez? por que pelo amor de Deus, isso foi tão MAGIC, :3 nunca pensei que a Nina seria capaz de beijar alguém de novo e ainda por cima o Harry? Me pinta de rosa porque to bege kkkkkkk' .Beijos X Beijos.

2 comentários:

A cada 10 pessoas que comentam 4 delas dizem, na verdade o que eu realmente não sei o que estou falando, então se entendeu parabéns e obrigada por comentar.
E lembrando foi comprovado cientificamente que comentar emagrece.